A Igreja Católica se esforçou durante o período colonial na formulação das novas diretrizes emanadas do Concílio de Trento (1545- 1563). No entanto, os resultados se concretizaram de forma precária e incompleta.
O catolicismo colonial se apegará à tradição católica portuguesa do período pré-tridentino. Será caracterizado pela manutenção da herança cultural do passado colonial português com seu pensamento mágico e a exterioridade das manifestações religiosas e de devoção. Um catolicismo predominantemente laico, gozando de certa autonomia, com muitas rezas e poucos padres e poucas missas, mais voltado para o ambiente privado e ao culto familiar aos santos de devoção.
Desta forma resulta um catolicismo de feitio privado e familiar. O qual na sua expansão contará com a participação e com a presença de outros membros ligados aos laços de família e de trabalho, por ocasião da realização das reuniões periódicas ou das festas locais para o conjunto dos fiéis. Isso produziu um catolicismo de feitio privado e familiar que na sua prática estimulou a participação das mulheres em geral.
Pode-se assim caracterizar, em suas linhas gerais, que a religião praticada pelos católicos do Brasil Colônia “era inspirada em uma reflexão sobre as atividades e os espaços protagonizados, respectivamente, pelos membros do corpo clerical e pelos indivíduos e grupos recortados da maioria leiga. Revela-se, assim, tanto no âmbito das crenças quanto ao nível das práticas cotidianas, a existência de uma separação mais ou menos nítida entre uma vivência religiosa mais ligada ao polo sacramental e litúrgico, dominado pelos clérigos e pelos espaços públicos de culto, e outra mais próxima do polo devocional, em que predominaria a relação íntima e direta entre os fiéis e os membros da corte celeste, transcorrida, sobretudo, no interior dos lares e nos espaços privados em geral.” (Chahon, 2014, p.89)
– CHAHON, Sérgio. Visões da religiosidade católica no Brasil Colonial.
In http://www.simonsen.br/revista-digital/wp-content/uploads/2014/12/Revista-Simonsen_N1_Sergio-Chahon.pdf. Obtido em 20/10/2016.
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