#tempodemovimento | Parte I – Travessias | Novas travessias: chegam os jesuítas

Os primeiros representantes da Igreja Católica que chegaram ao planalto de Piratininga foram os pertencentes à Companhia de Jesus,  conhecidos como jesuítas.  Esta Companhia foi fundada na Europa em 1534 por Inácio de Loyola e reconhecida por bula papal em 1540. O seu propósito principal era fazer frente ao avanço do protestantismo ocorrido após o movimento conhecido como Reforma protestante.  O nome de Companhia coube bem à organização “tanto para lembrar um empreendimento comercial, vocacionado à expansão e conquista dos mercados, nem que seja o mercado de almas, quanto por sugerir uma fraternidade a parte, meio fechada, como uma organização secreta” (Toledo, 2012,p.73)

Os primeiros jesuítas que aqui chegaram vinham com o propósito de se integrar a nova terra.  Eles tinham uma missão evangelizadora, compromisso com seus propósitos de converter os povos primitivos e proteger a Igreja Católica do protestantismo que se expandia na Europa.  Os jovens sacerdotes estavam dispostos a se submeter a sacrifícios como os quais ocorriam nas viagens marítimas, ao se embrenhar pelos matos, subir serras, passar fome e ser acometidos por doenças tropicais.

Em 1549, com Tomé de Souza veio um pequeno grupo chefiado pelo jesuíta Manoel da Nóbrega acompanhado de outros cinco irmãos da ordem: os padres Azpicuelta Navarro, Leonardo Nunes, Antônio Pires e os irmãos, ainda não ordenados, Jácome e Vicente Pires. Todos chegaram com o desejo de manter a conquista, posse e domínio do território e  converter o s infiéis  Uma só missão, duas frentes de batalhas para alcançar a glória da Coroa e de Deus

O Padre Manoel da Nóbrega descendia de família abastada, estudou na universidade de Salamanca, a mais antiga e prestigiosa da Espanha e depois em Coimbra. Ou seja, teve uma formação esmerada. Com 27 anos, em novembro de 1544, entrou na Companhia de Jesus.  Fez a opção por um caminho da humildade e do sacrifício.  Em fevereiro de 1549, perto de completar 30 anos de idade, foi indicado pelo próprio rei D. João III para chefiar o grupo de jesuítas para acompanhar o primeiro governador geral ao Brasil. A sua chegada a Bahia ocorreu em 29 de março de 1549.

O padre Leonardo Nunes em novembro de 1549 foi enviado para São Vicente.  O padre Nunes passou a morar nesta vila.  Por diversas vezes subiu a serra, visitou os seus habitantes, reuniu a gente “derramada”, ou seja, a gente espalhada pela região e participou efetivamente da fundação da vila de Santo André da Borda do Campo.  É considerado um dos fundadores de São Paulo.  Homem de muita coragem e vitalidade, embrenhou-se pelos sertões, catequizou índios e devido à sua agilidade em chegar às regiões mais inóspitas foi denominado “padre voador” ou “Abarebebê”.  Ele era “um cristão novo”. (Bogaciovas, 2015,320) Em carta datada de 1553, o padre jesuíta Vicente Rodrigues, se refere ao bispo do Brasil, que “lamenta que haja tantos cristãos novos na Companhia de Jesus, referindo-se ao Padre Leonardo Nunes.” (Apud Bogaciovas, 2015, p.320) O “padre voador” morreu no mar, em naufrágio, quando voltava para Portugal, em 1554.

 

Para saber mais:

VIOTTI, Pe. Hélio Arranches, S. J.  A fundação de São Paulo pelos Jesuítas.  In www.periodicos.usp.br/revhistoria/article/download/36094/38815