#tempodemovimento | Parte I – Travessias | A fundação do Colégio de São Paulo

Em fins de 1552, quando o governador geral Tomé de Souza se dispôs a fazer viagem às capitanias do sul, convidou e levou em sua comitiva o provincial dos jesuítas da Bahia. O culto, respeitado e admirado Manoel da Nóbrega. Com o retorno do governador para a Bahia, Nóbrega decidiu permanecer em São Vicente.  De lá foi também atraído pela serra, com vistas ao movimento em direção ao interior.

O pe. Manoel da Nóbrega era um missionário.  Queria converter, evangelizar, combater o pecado e corrigir a vida desregrada que encontrou nas povoações do país, enfim, atrair todos para o reino de Deus.  Pensava em criar condições para formar um novo povo.  Queria dar continuidade ao caminho aberto pelos portugueses e abrir trilha própria entre os gentios que habitavam o planalto; fazer emergir uma sociedade reformada nos costumes com base na lei de Deus.  Iria começar procurando reunir e catequizar os indígenas.   O mais afastado das influências dos brancos. Neste novo local, ao contrário das dificuldades que encontrava na manutenção do colégio em São Vicente, poderia contar com a ajuda dos pais e das suas famílias que ali moravam.

No mesmo ano de sua chegada em São Vicente, em agosto de 1553, subiu a serra e levava consigo a decisão de transferir o colégio mantido pelos jesuítas em São Vicente para o Planalto. Assim foi se instalando numa área a dez léguas aproximadamente do litoral e duas da povoação de Santo André administrada por João Ramalho, como escreveu na época, “uma fermosa povoação” (Padre Manoel da Nóbrega, in Toledo, 2012, p. 93).  Nóbrega morreria em 18 de outubro de 1570, no dia em que completaria 53 anos.

No mesmo ano de 1553 chegava à Bahia, junto com a comitiva do segundo governador geral Duarte da Costa, como integrante da terceira leva de jesuítas enviados à nova terra, composta por sete membros, o irmão José de Anchieta.  Um jovem de origem espanhola, nascido em 19 de março de 1534, nas Canárias, contava com 19 anos, de saúde frágil, culto e expressivo gosto pelas letras.  Partiu de Portugal em maio de 1553 e tendo chegado à Bahia logo foi conduzido, em outubro do mesmo ano, para missão no sul, especificamente em São Vicente, onde aportou no mês de dezembro.  Ali se juntou à Nóbrega e aos irmãos empenhados em mudar o colégio ali existente para o planalto.  Desta forma, nos primeiros dias de janeiro, a mando de Nóbrega, subiu pela primeira vez a serra do Mar.

mapa de sao paulo em 1560

O local já tinha sido escolhido. Ele ficava situado num elevação na confluência de dois rios, o Anhangabaú e o Tamanduateí.  Oferecia várias vantagens como água próxima, bom clima e a proteção existente devido a uma escarpa abrupta que dava para uma várzea.  Trata-se da área correspondente ao centro velho da atual cidade de São Paulo.  No ponto do lado da colina que se debruçava sobre o Tamanduateí, Nóbrega fez erguer uma casa, para a habitação dos jesuítas e sede do colégio.  “Era uma construção rústica, com paredes de barro e pau e telhado de palha, levantada pelos índios, com 14 passos de comprimento por dez de largura, segundo relata Anchieta.” (Toledo, 2012, p. 99)

No dia 25 de janeiro, dia da conversão de São Paulo, foi celebrada uma missa assinalando o início das atividades do colégio.  Um ato simples que registrou a data de fundação do colégio e o local, centro da futura cidade de São Paulo.  Assim, o 25 de janeiro de 1554 passou a ser considerado como a data da fundação de São Paulo.  Um marco da colonização portuguesa integrando autoridades coloniais, a Igreja por intermédio dos jesuítas, aventureiros e brancos ali existentes integrados na nova paisagem, junto com a grande maioria da população constituída pelos primitivos habitantes, pertencentes a diversos grupos de indígenas.

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