Parte II | O Paulista

  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Referências

    Bibliográficas: -ARRUDA, José Jobson de Andrade.  São Paulo nos séculos XVI-XVII.  Coleção História Geral do Estado de São Paulo, V1.  Coordenação Geral: Marco Antonio Vila.  São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Poiesis, 2011. – BOGACIOVAS, Marcelo Meira Amaral.  Cristãos Novos em São Paulo (séculos XVI-XIX): assimilação e nobilitação.   São Paulo: ASBRAP, 2015. – BOXER, Charle R.  A Idade de Ouro no Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial.  2ª. Ed., São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1963. – BRUNO, Ernani Silva.  História e Tradições da cidade de São Paulo.  São Paulo: Hucitec: Prefeitura do Município de São Paulo,... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Posto avançado da colonização

    Para a vila de São Paulo de Piratininga estava reservada uma tarefa histórica.  No mesmo ano de sua instalação a administração portuguesa iniciou as primeiras incursões pelo interior do país na “caça ao tesouro”. Em 1560, após a expulsão dos franceses da Baía da Guanabara, o governador geral do Brasil, Mem de Sá. aportou em São Vicente.  Desta vila, sede da capitania, “providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro buscar minas de ouro e prata.” (Revista do Archivo Público Mineiro, 1902, p. 577.  Apud Pasin, 2004, p.9) A bandeira partiu... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | O Governo dos “homens bons”

    A vila de São Paulo, como as demais vilas do Brasil colônia era dirigida pelos homens bons. Eles formavam uma elite aos quais cabia a prerrogativa de poder participar das eleições e exercer cargos e funções na administração local.  Entre eles se incluíam os proprietários de terras, os funcionários e comerciantes.  Eram detentores de posses, tinham ao seu dispor o trabalho dos subalternos e conseguiam manter ou aparentar ter o estilo de vida características da nobreza portuguesa.  Os demais membros da sociedade, como os indígenas, negros, estrangeiros, degredados, judeus ou quem possuísse sinal de “sangue infecto” e todos o que... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Pouco padre, muita reza

    O estudo da relação do homem com o sagrado é um dos desafios permanentes dos estudiosos em geral.  Principalmente para os historiadores quando se voltam para o estudo do catolicismo brasileiro, em seus primórdios, durante o período colonial, complexo, plural e heterogêneo. A primeira missa no Brasil. Quadro de Victor Meirelles Um catolicismo que, como afirma Eduardo Hoornaert, “assumiu nos primeiros séculos de sua formação histórica um caráter obrigatório. Era praticamente impossível viver integrado no Brasil sem seguir ou pelo menos respeitar a religião católica” (Hoornaert, 1974,13). Um grande número de agentes atuou na sua implantação no mundo colonial lusitano,... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O Paulista | Um lugar para os refugiados

    No Brasil como em Portugal os judeus foram perseguidos por questões religiosas, pelo seu prestígio social e econômico.  Uma das formas foi a obrigação de pagar imposto especial, de caráter extraordinário chamado de finta do cristão novo. Na capitania de São Vicente se encontrou o registro do pagamento da finta no ano de 1613 e de 1624.  Na primeira se encontram arrolados os nomes de pessoas de origem judaica que residiam na capitania como Maria Gomes, Francisco Vaz Coelho, moradores da vila de São Paulo; João Gomes em Itanhaem; Domingos Rodrigues, em Santos; e Francisco Lopes Pinto e Francisco de... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | O sertanismo paulista

    A familiaridade com o sertão teve início logo após a travessia dos europeus para o litoral de São Vicente. Derivou do incentivo das autoridades portuguesas que a partir da expedição de Martim Afonso de Souza enviou exploradores para o interior do país para reconhecer a terra e  buscar metais preciosos.  As histórias contadas por aqueles que voltavam aguçavam cada vez mais a curiosidade e a cobiça dos colonos. E assim, o sertanismo se  tornoue elemento central para a compreensão dos primórdios da formação de São Paulo. O sertão passou a representar para os colonos a mesma atração que o mar... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | A aculturação às avessas

    Em São Paulo de Piratininga, além da adaptação ao meio físico e do cruzamento inter-racial,  verificou-se uma  outra forma de relacionamento e até mesmo de proteção, como defende a historiadora Mary Del Priore:  a assimilação. (Apud Bogaciovas, 2015, p. 11) Situação que diferencia da pretensão dos agentes da Coroa Portuguesa encarregados em impor a cultura europeia nos trópicos, fenômeno conhecido como europeização.  O processo de assimilação se diferencia da acomodação na qual existe um ajustamento de comportamento apenas externo do indivíduo à sociedade.  Neste caso, em especial no planalto paulista, por intermédio do contato e de comunicação, diversos contingentes humanos... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Homens sem mãe

    Os povos indígenas foram importantes na formação da família paulista.  Desta forma, “frequentemente era uniões mestiças, no sentido de congregarem elementos oriundos de culturas indígenas (sobretudo a poligamia, e talvez a criação de filhos) e portugueses (casamento cristão, adultério e concubinato). Mas também porque homens solteiros, casados, machos brancos e machos negros pegavam mulheres negras, escravas, índias e brancas, termos que obviamente, não são desprovidos de significados variados dos de nosso mundo e frutos de relações contextualizadas.” (Godoy, 2017, 22) Do relacionamento entre brancos e as índias resultou o predomínio das famílias com a prole constituída de mestiços.  Mestiços entendidos... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | A natural miscigenação

    Os pioneiros adentram aos vastos campos denominados de planalto dispostos a romper com o passado em busca de afirmação de seus sonhos, do imaginário gestado antes mesmo de chegar ao Brasil, para iniciar uma nova vida.  Contavam com enormes desafios e gozavam de autonomia. Foram ainda favorecidos com os prazeres da liberdade sexual proporcionada no contato com a sociedade indígena. Os relatos deixados pelos jesuítas, por inúmeras vezes, dão conta de sua preocupação moral com o favorecimento da aproximação entre os brancos e as nativas.  Escreveu Anchieta que: “as mulheres andam nuas e não sabem negar-se a ninguém, mas até... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O Paulista | Encontros e desencontros

    Na vila de São Paulo não aconteceu “a guerra da conquista” como em outras áreas do continente americano descobertas e dominadas pelos espanhóis, notadamente no México e no Peru.  Tampouco a perseguição e a feracidade praticada naqueles territórios responsável por “perpetrar o maior genocídio da história da humanidade”.  (Todorov, 1991, p.6)  Desde o início da organização da vila existiu a aproximação de uns com os outros estimulados por certas empatias e movidos pelas necessidades de superar as dificuldades e manter a sobrevivência. Porém, é preciso lembrar, que durante o século XVI os Campos de Piratininga foram palcos de perseguições e... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | O crescimento da vila

    Na vila o poder colonial manifestava-se  por meio da Câmara Municipal e por três elementos de grande significação simbólica, instrumentos de justiça e repressão: a cadeia, o pelourinho e a forca.  O pelourinho, símbolo da autonomia da vila, de caráter obrigatório quando da criação da vila, era uma coluna de pedra ou de madeira, colocada a prumo, posta em algum praça principal  em que os réus eram submetidos à execração pública, açoitados e, ou, torturados. Porém, “a força, limite extremo do exercício do poder, não era bem vista em uma sociedade que esteve sempre no limiar da marginalidade”. (Benedito Prezzia,... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | A Vila de São Paulo

    A vila de São Paulo “fundada terra acima e terra adentro” (Toledo, 2012, p.108) ao contrário de outros lugarejos do planalto que surgiam e estavam fadados a desaparecer foi se firmando no contexto da colonização portuguesa. O dia 25 de janeiro de 1554, o dia em que foi celebrada a missa pelos jesuítas e instalado o Colégio de São Paulo, é comemorada como a data da fundação da cidade de São Paulo.   No entanto, o seu início oficial ocorreu no ano de 1560 quando se deu a instalação da vila de São Paulo de Piratininga. A vila nasceu diferente das... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Jesuítas e colonos nos primeiros tempos

    Com a onda migratória provocada pelo movimento de expansão marítima e comercial europeia aos povos primitivos foram se juntando no planalto de Piratininga os homens brancos que haviam desembarcado no litoral vicentino.  Eram portugueses em sua grande maioria, mas também espanhóis e outros europeus como franceses, italianos e alemães.   Tanto cristãos velhos como cristãos novos.  Entraram também os homens a serviço de El Rei que criaram as primeiras vilas e passaram a administrá-la dentro do contexto da administração colonial.  A partir da segunda metade do século XVI chegaram os homens a serviço de Deus, os jesuítas.  Foram eles os únicos... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – o paulista | Panela de barro e de ferro

    Nas terras do Planalto ocorreu o encontro de povos de origem e culturas diferentes.  Os que representavam a cultura primitiva produtores da panela de barro e os da cultura europeia portadora de avanços tecnológicos simbolizado pela panela de ferro. Os indígenas, para o Estado europeu, representavam a energia vital para as atividades coloniais, para os jesuítas a razão de ser da catequização e para os colonos despertavam a curiosidade e interesse pelo seu aproveitamento para as suas investidas pelo sertão e mão de obra para poder desenvolver as atividades  agrícolas Mas, sobretudo, o que pesa na relação entre o primitivo... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | A gente da vila de São Paulo: os primitivos moradores

    Na Vila de São Paulo e seus arredores existiam diversos grupos indígenas que ali habitavam ou que com frequência por ali transitavam. O Padre Baltazar Fernandes observou que “ao redor desta Piratininga umas duas ou três léguas há seis aldeias de índios, da terra.” (Apud Bogaciovas,2015, 83) Dentre os grupos mais influentes estavam os tupiniquins e os guaianases que vivam em aldeias ou tabas. Os tupiniquins, pertenciam à nação Tupi e habitavam no século XVI a baixada santista e o planalto paulista.  Com frequência passavam temporadas no litoral se dedicando a pesca.  Foram os que tiveram o primeiro contato com... (Leia Mais)
  • #tempodemovimento | Parte II – O paulista | Do litoral para o planalto (1560 – 1590)

    Do litoral vicentino os colonos europeus seguiram em direção ao interior do continente. Mal sabiam que tinham iniciado uma das mais “insignes aventuras do gênero humano, na fronteira das civilizações” (Arruda, 2011, 35),   Tivera início a organização da região, a formação do paulista e,  na continuidade de um tempo de intenso movimento, o brasileiro. Para chegar ao planalto eles foram seguindo pelas velhas trilhas indígenas, enfrentaram as asperezas dos caminhos, conseguiram atravessar a grande muralha da Serra do Mar, tremendamente escarpada e recoberta por densa vegetação florestal. Na região, os campos de Piratininga amenizavam a paisagem com atitudes variando em... (Leia Mais)