#tempodemovimento | Parte II – O paulista | Posto avançado da colonização

Para a vila de São Paulo de Piratininga estava reservada uma tarefa histórica.  No mesmo ano de sua instalação a administração portuguesa iniciou as primeiras incursões pelo interior do país na “caça ao tesouro”.

Em 1560, após a expulsão dos franceses da Baía da Guanabara, o governador geral do Brasil, Mem de Sá. aportou em São Vicente.  Desta vila, sede da capitania, “providenciou para que o provedor Brás Cubas e o mineiro Luís Martins fossem ao sertão a dentro buscar minas de ouro e prata.” (Revista do Archivo Público Mineiro, 1902, p. 577.  Apud Pasin, 2004, p.9)

A bandeira partiu da vila de São Paulo, composta de sertanistas e guias indígenas, passou por onde hoje se encontra Mogi das Cruzes, desceu o Rio Paraíba e seguiu por trilhas margeando o mesmo rio até a atual cidade de Cachoeira Paulista.   Do local fizeram caminhada pela margem esquerda do rio, tomaram outra trilha para subir a serra da Mantiqueira, seguindo até as barras do rio das Velhas e correram a margem do rio São Francisco até o Pará- Mirim.    O retorno se deu no mesmo percurso em sentido inverso, perfazendo cerca de trezentas léguas pelos sertões.

Não existe notícia do encontro de metais preciosos, mas estavam demarcados o imaginário e as práticas dos paulistas a partir de então: a busca da “montanha dourada”.

Ao final do primeiro século a vila de São Paulo de Piratininga se constituía em uma nova e importante fronteira da expansão colonial portuguesa. Encontrava-se organizada e apresentava feições próprias que davam a ela o caráter original e singular no contexto colonial brasileiro e latino americano.  Era uma vila localizada no interior do continente, um entroncamento de caminhos, próxima ao litoral, dotada de especificidades próprias, com seus habitantes voltados para o trabalho da terra e para o sertão, interagindo com a natureza do lugar e com seus moradores díspares que assimilavam traços culturais uns dos outros.  Ali viviam os paulistas.

Mantinha traços comuns a toda sociedade colonial que se expressam na precariedade, no desconforto, na instabilidade no seu modo de vida.

No entanto, a Vila de Piratininga estava pronta para a tarefa histórica que lhe estava reservada no movimento de expansão colonial para o interior, a de se constituir em posto avançado para assegurar o sucesso na busca de riquezas minerais.

A Vila de São Paulo, assinalada em vermelho no mapa, aparece como ponto avançado para a entrada para o interior do país.