A colonização do Vale do Paraíba foi impulsionada pela determinação da Condessa de Vimieiro com o objetivo de assegurar a posse das terras da capitania de Itanhaem. Este fato coincidiu com o interesse oficial da Coroa de expandir e dominar seu extenso império colonial. A atribuição de autonomia municipal aos povoados que ali foram se criando remetem a atração pela região e manifestou a preocupação do governo colonial em fazer ocupá-la efetivamente e nela instalar órgãos locais de poder.
A ocupação regional se realizou obedecendo a interesses estratégicos manifestado na concessão de sesmarias e no reconhecimento dos seus donatários por meio de patentes e a elevação dos seus povoados à condição de vila em intervalos de tempo reduzidos. O movimento de ocupação e povoamento além da motivação estimulada pelo aproveitamento do território, ofereceu ao colonizador os recursos para sua sobrevivência, serviu também aos interesses das autoridades coloniais por se situar em local estratégico, localizada na entrada para o sertão, próximo ao leito do rio, com possibilidades de contato com o litoral pela Serra do Mar e transpor a Serra da Mantiqueira em direção sonhadas minas de ouro. Acresce que a sua ocupação favoreceu a defesa da capitania diante de constantes ataques estrangeiros ao litoral vicentino, saques às suas povoações e de outras ameaças. As vilas valeparaibanas podiam, se necessário, fornecer homens e víveres para a reação imediata em caso de invasão, quer por terra seguindo o Caminho Velho dos Paulista ou em direção ao litoral pelo caminho do mar.
Portanto, como afirmou o historiador Luís Fernando de Lima Júnior: “A expansão da colonização portuguesa para o sertão do médio Paraíba, longe de constituir um processo solto e decorrente apenas da satisfação momentânea das necessidades de mão de obra dos colonos instalados nas vilas de São Paulo, Parnaíba e Mogi das Cruzes, parece parte de um processo mais complexo, em que pesavam a necessidade de se ocupar o interior do território em pontos estratégicos que servissem, ao mesmo tempo, para defesa ante a ameaça de invasões estrangeiras e para controle sobre o acesso e movimentação para o território além da Mantiqueira, onde as autoridades metropolitanas acreditavam que houvesse metais preciosos.” (Lima Júnior, 2010, p. 52)
O processo de colonização na nova área pioneira em território dos paulistas assumiu assim feições próprias. Teve como traço característico a vinda e o assentamento de famílias oriundas especialmente do planalto paulista. A ocupação e colonização da região não foi marcada pela presença de degredados e aventureiros, mas caracterizada por novos agentes composto por aqueles que ao receber terras para ela se deslocavam com toda família e agregados. Uma vez na região se estabeleciam para promover a sua colonização. Constituíram os primeiros povoadores dotados de intenção e perseverança para se estabelecer, habitar e avançar no processo de colonização, gerando o domínio e organização de um novo território, segundo o imaginário e o sentido dado na época.
Desta forma nos primeiros tempos da colonização da região do Vale do Paraíba ocorreu a vinda dos primeiros colonizadores, com destaque para a família dos Félix, seguidos de outros colonizadores como os de sobrenome Leme. Eles foram proprietários de terras, sertanistas, caçadores de indígenas, fundadores dos seus primeiros povoados e agentes principais da colonização da região do Vale do Paraíba.
Para saber mais:
– Marcha à paulista: a expansão da colonização portuguesa do sertão do alto Tietê para o vale do Paraíba (1530-1660) Luís Fernando de Lima Júnior.
Disponível em : file:///F:/VPgeral/229-673-1-PB%20(1).pdf.