#tempodemovimento | Parte V – Do Planalto para o Vale do Paraíba | A vila de Guaratinguetá

Em setembro de 1650 Dionísio da Costa, capitão mor e Ouvidor da Capitania de Itanhaem estando na vila de Taubaté atendeu a petição de  Domingos Velho Cabral, “morador de Guaratinguetá” pra fazer a ratificação de data de terras obtida anteriormente concedendo a ele “de novamente” aquelas terras. (Freitas, 2005, 2).   Tratava-se de uma carta de Sesmaria emitida por volta de 1647 pela qual  Domingos Velho Cabral recebeu de Dionísio da Costa que estava no governo da capitania de Itanhaem uma carta de Sesmaria.  Como “observa Sérgio Buarque de Holanda que na petição de Domingos Velho Cabral mais de um dado toponímico ajuda a localizar a área pedida em terras onde brevemente surgiria o povoado do facão, hoje cidade de Cunha” (Freitas, 2005, 3) A dita sesmaria com “uma légua de testada” principiava “do chamado Jacoimiri, de um ribeiro que está na borda nas primeiras campinas”, seguindo suas terras pelo sertão até atingir o Boa Vista no rumo do Caminho Novo” que Domingos Velho Cabral abriu da vila de Guaratinguetá por volta de 1650 e dali  para o mar, ficando “meia légua de uma parte do caminho e meia da outra banda.”

Com a abertura da estrada, em janeiro do ano seguinte o mesmo capitão mor atribuiu a Domingos Luis Leme, eminente morador do povoado de Guaratinguetá, o encargo de erguer pelourinho símbolo da autonomia local.  Assim se criou a vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, em 13 de fevereiro de 1651, cinco anos após a criação da vila de São Francisco da Chagas de Taubaté.

Ao contrário da vila de Taubaté, assentada nos terrenos planos da bacia terciária de Taubaté, a vila de Guaratinguetá foi erigida encarapitada em um morro, no alto de uma colina, na margem direita do rio Paraíba do Sul. No seu centro, no mais alto do morro, ergueu-se a capela dedicada a Santo Antônio, seu padroeiro. De seu núcleo primitivo era possível avistar as margens do rio serpeando e ondulando correndo manso e vagarosamente por entre duas grandes serras. Local inspirador, favorável à inspiração e elevação espiritual, influenciando o desenvolvimento da religiosidade, de fé e devoção que marcaria a sua vida pelos séculos seguintes.  A formosa povoação elevada sobre vastos horizontes tem ao poente os cumes da serra da Mantiqueira e ao nordeste a garganta do Embaú, indicativo para o avanço na busca do desejado encontro de metais preciosos.  Não teria muros para cercá-la embora parecesse ser um posto militar avançado da colonização portuguesa na região.

O seu nome deriva da composição da influência do colonizador que lhe atribui nome do santo de devoção Santo Antônio e o nome de origem indígena, Guaratinguetá, que significa a terra das garças brancas.

A vila teve enorme importância na ocupação da região e no movimento de expansão portuguesa.  Ela se transformaria em nova fronteira, favorecendo a abertura de novos caminhos em direção ao litoral, ao leste, e, para os desconhecidos sertões, ao nordeste.  Caminhos que favoreceram a circulação de pessoas, de mercadorias e do comércio a beira de estrada.  Após sua elevação à vila se transforma em posto avançado para a continuidade do processo de penetração pelo interior do país, na caça aos indígenas e na busca do achado de metais preciosos.

 Para saber mais:

– A vila de Santo Antônio de Guaratinguetá.  Helvecio V. Castro Coelho.  Disponível em:

http://www.asbrap.org.br/documentos/revistas/rev8_art10.pdf