#tempodemovimento | Parte V – Do Planalto para o Vale do Paraíba | A formação de aldeias, bairros rurais e vilas

A vila de Taubaté

O esforço pela colonização ganharia contornos mais claros a partir da década seguinte à obtenção das terras na região.   A 20 de Janeiro de 1636, Jaques Félix recebeu uma nova provisão do capitão mor Francisco da Rocha para iniciar a fundação de Taubaté .  Três anos mais tarde, em 20 de janeiro de 1639 recebia novas instruções sobre a fundação da povoação, completadas pela provisão de outubro de 1639, nas quais confirmavam a intenção manifestada na provisão anterior por um despacho do capitão mor Vasco da Mota , em nome da condessa de Vimieiro , D. Mariana de Souza Guerra .  Por elas era dado prazo de seis meses aos povoadores para tomar posse de suas terras e Jaques Félix era orientado de como deveria distribuir as terras e sesmaria, bem como ordenava que concedesse em nome da donataria uma légua de terras para estabelecer o rossio da vila.

Em 1640, já sexagenário, Jaques Félix, seus filhos e companheiros edificaram o núcleo primitivo de Taubaté, numa elevação a menos de uma légua do rio Paraíba do Sul.  No ano seguinte o núcleo inicial estava pronto e habitado.  Em pouco tempo, a povoação seria elevada à condição de vila a 5 de dezembro de 1645 , por provisão do capitão e Ouvidor mor Antonio Barbosa de Aguiar , governador da Capitania de Itanhaém em nome de D. Sandro de Faro, filho de Dona Mariana de Souza Guerra, a condessa de Vimieiro.

Jacques Felix, encarregado da fundação do povoado o fez construir próximo a margem direita do rio Paraíba do Sul, “em local plano, com água próxima, sem edificações alagáveis, bem arejado, com terras férteis e grandes matas” (Ortiz, 1996, p.30)   Nela construiu a capela de São Francisco das Chagas provavelmente em 1640, quando deu início ao em local mais próximo a aldeia dos indios guaianás.  “Era um pequena igreja localizada no lugar onde hoje está a Capela dos Passos, anexa à catedral” (Ortiz, 1996, p.635)  Em 1641, com o nome de São Francisco o lugarejo tinha vida ativa.  Com a criação da vila além da igreja construída com taipa de pilão foi levantada a Cadeia e a casa do sobrado para o Conselho.

O povoado nascente foi elevado à categoria de vila em 5 de dezembro de 1645, com a denominação de São Francisco das Chagas de Taubaté. Com este ato oficial consolidava a posse e a ocupação do território.  Nascia a primeira vila da capitania de Itanhaem localizada no interior do país.  Uma nova fronteira se estabelecia no processo de colonização.  O local passaria a servir para sustentar a expansão colonial por meio da conquista e posse da terra além de servir de base para a realização de expedições sertanistas de caça aos indígenas e na busca de metais preciosos.  Taubaté se transformou em polo de povoamento e de desenvolvimento da colonização, e, como tem sido descrito, como um centro de irradiação regional.

A nova vila passaria a ter papel de destaque pelo seu caráter pioneiro, pela posição geográfica especial, com a distância reduzida ao acesso dos sertões da Mantiqueira e a ligação com o litoral, via serra do Mar. A sua localização favorável conferia a ela papel importante na convergência de novos rumos, em várias direções.  Favorecia a continuidade da colônia em movimento, na busca de novos caminhos e no alargamento de suas fronteiras.  A partir de então muitas famílias foram atraídas para o local fixando ali, consolidando assim a implantação da vila e do processo de colonização.

No mesmo mês de dezembro foram convocadas as eleições para eleger os juízes ordinários e oficiais da Câmara que começaram suas funções em janeiro do ano seguinte.

Jaques Félix, já septuagenário via sua obra concluída, gozando de prestígio entre os moradores e respeito pelo seu trabalho pioneiro em prol da colonização da região.  Foi então investido das funções de capitão mor, passando a ser o responsável pelas Ordenanças da vila nascente.

Os primitivos habitantes encontrados no sertão de Taubaté foram os  Guaianás ou Guaianases.  Da influência indígena permaneceu o nome dos locais da região.  A denominação de vila com o nome de um santo, São Francisco das Chagas, como era costume no século inicial da colonização, foi acompanhada de uma denominação indígena, como neste caso: Taubaté.  Este vocábulo é uma “corruptela de Tabaibaté, com estágios intermediários de Tabebaté e Tabibaté, significando aldeia alta” (Ortiz, 1996, p. 17)

 

Para saber mais:

– A dona de Taubaté.  Almanaque Taubaté.   Disponível em http://almanaquetaubate.com.br/index.php/2017/12/05/a-dona-de-taubate-2/