#tempodemovimento | Parte V – Do Planalto para o Vale do Paraíba | Conquista e povoamento do Vale do Paraíba

Até a segunda década dos seiscentos a penetração realizada pelos colonizadores pelo Vale do Paraíba ocorreu por intermédio de iniciativa dos representantes da metrópole. A partir de então a penetração, conquista, povoamento tomaram caráter oficial, obedecendo a determinações emanadas pelas autoridades que detinham o poder na capitania de Itanhaem.  Foram motivadas pelo interesse em garantir a posse das terras que passaram a pertencer à nova capitania e ao mesmo tempo explorar todo o território que poderiam render vantagens econômicas e dar continuidade ao processo de colonização portuguesa pelo interior do país.

Ou seja, a conquista da região se intensificou quando a Condessa de Vimieiro ordenou o povoamento oficial das terras do sertão do rio Paraíba, com a distribuição, registro e posse de sesmarias para garantir a posse do território a ser explorado e que lhe podia trazer poder e prosperidade.  Além de que corria por este tempo a esperança, depois transformada em certeza, que se seriam encontradas riquezas minerais vislumbradas por D. Francisco de Souza.

A ocupação com caráter oficial se faria de forma metódica e organizada.

No ano de 1628, houve a doação de sesmarias pelo capitão mor de Itanhaem João de Moura Fogaça a Manoel Vieira Sarmento e outra ao bandeirante Jacques Felix e a seus dois filhos, entre Pindamonhangaba e Tremembé, na “tapera do gentío”. Jacques Félix certamente já conhecia a região e não teve pressa em explorar a área doada.  Continuou por algum tempo ainda em São Paulo onde exerceu o cargo de vereador no ano de 1632 e, no ano seguinte de provedor da Santa Casa de Misericórdia da vila.  Para Bernardo Ortiz esta concessão “fez convalidar uma situação de fato, retificando, em termos legais, a posse da terra pela família Félix.” (Ortiz, 1996,   )

Na década seguinte, em junho de 1639, os moradores em terras do vale recebem ordem do governador da capitania de Itanhaem para no prazo de seis meses ocuparem suas terras com vistas em fundar povoações.  Neste mesmo ano, a 20 de janeiro as autoridades desta capitania passam a Jacques Felix por documentação oficial orientações sobre a povoação a ser fundada e as regras a serem seguidas quanto às concessões e demarcações de sesmaria.  E, a 13 de outubro, um novo alvará é emitido com informações sobre as demarcações que deveriam ser feitas na paragem de “Tabebate”, assinalando inclusive a determinação para ser reservado  uma légua de terra para aí se estabelecer o rocio da nova povoação.

 

A formação dos primeiros núcleos populacionais no fianal da primeira metade do século XVII, ligada a capitania de Itanhaém, passou a fazer parte do processo de expansão a partir da vila de São Paulo.  O desencadeamento desse povoamento como observou Nice Lecocq Muller “parece ligar-se a três fatores principais: a política metropolitana de promover a ocupação de territórios através da doação de terras; a procura de jazidas minerais e, como substitutivo provisório, de preamento de índios; e o interesse em estabelecer ligações com o litoral norte da Província.”  (Müller, 1969, p.  )

Devido a esses fatores começaram a se formar as primeiras vilas seiscentistas no Vale do Paraíba.

 

– Para saber mais:

O Fato Urbano na Bacia do Rio Paraíba. Nice Lecocq Müller.  1969.