#tempodemovimento | Parte III – A Vila de São Paulo e a expansão paulista | O crescimento da vila e seus habitantes.

No planalto paulista foi aos poucos desenvolvendo uma economia complementar à economia mundial.  A vila de São Paulo passou a desenvolver uma agricultura comercial, fortaleceu os alicerces de uma economia agrícola complementada com a criação de bovinos e de outros animais.  O resultado foi um grande surto de crescimento registrado ao longo das primeiras três décadas do século XVII, acompanhado da expansão da agricultura, da distribuição e ocupação de novas terras ampliando as suas fronteiras o que provocou o surgimento de novos bairros e a criação de novas vilas.

A novidade ficou por conta do início da plantação de trigo, a partir do ano de 1610.  Assim, ao lado das roças de subsistência cultivadas por meio do trabalho familiar ocorreu a montagem de um sistema de produção e comercialização de gêneros alimentares voltados para o consumo interno e exportação para as demais vilas do litoral brasileiro. Além do que a implantação dos moinhos hidráulicos no início do século XVI fez transplantar para a colônia uma técnica até então desconhecida na colônia e com ela um cabedal de conhecimentos que passam a constituir em novo diferencial da economia paulista. A nova atividade econômica introduziu novos elementos a paisagem na vila e na região conforme registra a ilustração abaixo.

 

Detalhe do desenho da vila de São Paulo na primeira metade do século XVI em que se pode ver os dois moinhos de Manoel Branco no córrego do Bexiga.

 

Para completar o fortalecimento da economia do planalto ocorreu a descoberta do ouro em Iguape.  Nos inventários dos paulistas feitos nesta época revelam a existência de bateias, gamelas de lavar ouro, balanças de pesar, amocrafes e pagamentos feitos em ouro.

Com as mudanças verificadas já ao final do século XVI houve um crescimento visível da população no planalto. Entre os anos de 1590 a 1606 a povoação cresceu rapidamente, passou de 150 para 190 fogos e os moradores de 900 para 1150.. Desde então “a vila não era mais só a vila. Um colar de chácaras, sítios e fazendas, quando não de aldeamentos, a cercava, a bem da verdade, a ação principal, em termos econômicos como também de movimento de gente, estava mais nessa zona periférica, de caráter rural, do que na povoação entre o Tamanduateí e o Anhangabaú. A povoação central continuava não apenas pobre, era também semiabandonada. Muitas de suas casas permaneciam fechadas. Os donos tinham a residência principal no  sítio ou nas fazendas e só mantinham a casa da vila para estadas curtas”.  (Toledo, 2012, p. 147)

Nas propriedades agrícolas se concentrava um grande número de pessoas, desde a família do proprietário aos trabalhadores indígenas e agregados.  Havia esforços na sua manutenção e ampliação.  Assim, a casa da fazenda era sempre melhor e mais ampla do que a da vila.

Na composição da gente da vila de São Paulo continuavam prevalecendo os contingentes de indígenas e homens brancos. Quanto aos africanos, muito raros na Capitania de São Vicente, eram designados como “tapanunhos”. Somente com a descoberta do ouro o alvará régio de 1701 permitiu que, dos negros de Angola entrados no RJ, se tirassem duzentos para os paulistas, mas no ano seguinte o governador do Rio comunicou que com aquele número “mal se podem remediar os ditos paulistas, não só para suas lavouras, senão para os benefícios das minas”.  E esses se queixavam de que: “tendo como os pagar,  lhe impeçam o comprá-los.” (in Monteiro.?…)

 

  Para saber mais:

– As máquinas e o trigo no passado rural brasileiro: uma contribuição para a história da técnica no Brasil. Francisco Dias Andrade.  In: http://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/01543.pdf

– As ruínas do Sítio do Morro.  Um importante moinho de trigo da era das bandeiras.  Francisco Andrade. In: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.167/5182

– História da cidade de São Paulo.  Afonso D’ Escragnolle Taunay.  In:

https://issuu.com/rbya/docs/hist__ria_da_cidade_de_s__o_paulo___695f182101e8d7