#tempodemovimento | Parte VII | O catolicismo rústico e popular

A devoção era rural.  Era no campo, onde residia a maioria dos colonos, que se praticavam as rezas, cultos e devoções.  Por todo o século XVII eles foram poucos numerosos e estavam distribuídos por um vasto território que se estendia da vila de Jacareí a vila de Guaratinguetá.  Viviam dispersos e não podiam contar com a presença de sacerdotes para atender as comunidades.  Fato que provocou o desenvolvimento de um catolicismo rústico.

Foram nas fazendas, bairros rurais muito mais que nas poucas vilas que os fiéis se reuniam em torno das capelas para externar sua crença, a fé nos santos de devoção, buscar a proteção divina, pedir graças, fazer promessas, agradecer as bênçãos recebidas e manifestar o alívio por conseguir os meios para manter as condições concretas e garantias para a sobrevivência pessoal e do grupo a que pertencia.  Era sempre um renovar de esperanças face às dificuldades e incertezas de seu tempo.

A prática religiosa era um instrumento de fortalecimento e de esperança no alcance da proteção às necessidades individuais e coletivas.  Ela proporcionava a integração dos grupos dispersos e a celebração em conjunto das festas e dias santos, seguindo o calendário litúrgico da Igreja Católica.

O catolicismo praticado no Vale do Paraíba devido a sua forma de colonização foi influenciado pelo catolicismo praticado pelos paulistas no planalto de Piratininga.  Apresentou características semelhantes como: a presença marcante dos leigos, o culto de caráter privado, familiar, híbrido, plural influenciado pela religiosidade de brancos e indígenas.  Aprofundou no culto aos santos que se transformou em uma das suas características mais evidentes do catolicismo da região.

Surgiu então um catolicismo de cunho popular, onde os fiéis buscavam a proteção, a integração, o alívio para as suas dificuldades, procuravam alcançar e agradecer graças recebidas.  Daí o seu caráter espontâneo, comunitário, festivo, com manifestações de devoção aos santos de devoção, ao Divino Espírito Santo, nas festas dos Reis e na Semana Santa.

A sua materialização se dava pela construção das capelas, de santa -cruz, no culto as imagens dos santos, nos oratórios, terços e nas manifestações coletivas por meio das rezas e procissões.