#tempodemovimento | Parte VII | A produção agrícola e a cultivo do algodão

A princípio a economia se organizou para atender o consumo local.  Não se prendeu como a economia paulista ao modo do sistema colonial voltado para a atividade agro – exportadora que lhe dava sentido e permitia estimular a acumulação de capitais sob a orientação do sistema mercantilista.

Neste contexto e fora do setor primordial a novas áreas de produção  vão se localizando no interior da colônia, como o da região em  questão e eram consideradas áreas pobres, dependentes do sistema colonial como um todo. Assim pode se caracterizar a economia do Vale do Paraíba na fase de sua formação histórica por ter “uma produção pequena, voltada para a subsistência, utilizando escravos, comercializando apenas pequenos  excedentes”  (Alves,1998,28)

Porém, dado a sua especificidade de interiorana, como integrante de uma colônia em movimento parte dos recursos gerados permanecessem na própria região criando condições para o seu crescimento econômico.

A evolução da produção agrícola, na vila de Taubaté, durante o século XVII, foi estudada pelo  historiador Leandro Santos de Lima tomando por base inventários da época.

Segundo ele, durante as décadas de 1650 a 1680 no topo da produção aparece o algodão, sempre na primeira posição, seguido da produção da cana e de outros produtos e gêneros alimentícios, principalmente o milho, a mandioca e o feijão.  Além da existência da criação de gado.

O uso do algodão em território brasileiro é anterior à colonização portuguesa. No Vale do Paraíba era produto de importância para as populações indígenas que o utilizavam para fazer suas redes. Com a expansão da agricultura provocada pela colonização houve a adaptação devido às condições favoráveis do solo, clima, relevo, temperatura e disponibilidade de terra e de mão de obra.   Sua produção era artesanal com o aproveitamento da sua fibra natural.

O algodão, ao longo do primeiro século da colonização, era produzido em pequenas roças ou lavouras, muitas delas ao redor das moradias.  Tinha como objetivo atender o consumo interno e era empregado na produção de rede e de tecidos rústicos.

Tabela: tipos de plantação cultivados na vila de Taubaté durante o século XVII (1640-1680):

 

Acresce nos dados acima, como observou o referido historiador, o aumento da produção ao longo deste tempo acompanhado do aumento de números de fazendas voltadas para a produção agrícola, a criação de animais e o aumento do emprego da mão de obra cativa indígena.          Assim, a alegação da “condição de pobreza” revelada em documentos oficiais era usada pelos colonos para justificar o pedido de doação de sesmaria e de lotes nas vilas, o não pagamento de impostos e principalmente para legitimar a caça aos indígenas. (Lima, 2011, 99)

Por fim, como nos faz crer o historiador Maurício Martins Alves,  a presença de grandes unidades produtoras, utilizando mão de obra indígena em larga escala mesmo antes da descoberta do ouro, “mostra uma realidade contrária à visão tradicional de predomínio de uma economia de subsistência”.  (Alves, 1998,2)