Do litoral vicentino os colonos europeus seguiram em direção ao interior do continente. Mal sabiam que tinham iniciado uma das mais “insignes aventuras do gênero humano, na fronteira das civilizações” (Arruda, 2011, 35), Tivera início a organização da região, a formação do paulista e, na continuidade de um tempo de intenso movimento, o brasileiro.
Para chegar ao planalto eles foram seguindo pelas velhas trilhas indígenas, enfrentaram as asperezas dos caminhos, conseguiram atravessar a grande muralha da Serra do Mar, tremendamente escarpada e recoberta por densa vegetação florestal.
Na região, os campos de Piratininga amenizavam a paisagem com atitudes variando em torno de 700 metros. Nela os colonos foram se esparramando até se concentrar em torno da vila de São Paulo de Piratininga “fundada terra acima e terra adentro”. (Toledo, 2012, p.108). Um local encravado entre os rios Tamanduateí e o Anhangabaú, completado pelos rios Pinheiros e Tietê. Local que se tornou um entroncamento de caminhos com feições próprias e singulares.
Os primeiros relatos sobre a região e sobre a nova vila foram escritos pelos letrados da época: os padres jesuítas. Destacam-se a narrativa do Padre Baltazar Fernandes, datada de 5 de dezembro de 1556 e a do Padre José de Anchieta, escrita no ano de 1585. Ambos fazem referência às dificuldades do acesso via litoral, da grandeza da terra, da fertilidade do solo próprio para a agricultura e da presença dos primitivos moradores.
O Padre Baltazar escreveu que “o campo de Piratininga por áspero e trabalhoso caminho, que tem uma serra grande de passar, a qual é tão alta que faz outra região e campo diferente de São Vicente”. (Apud Bogaciovas, 2015, 83) Já o Padre José de Anchieta, de saúde mais frágil, quase trinta anos após realçou as dificuldades para subir a serra. Ao escrever sobre a Vila de Piratininga afirmou que “está a dez ou doze léguas pelo sertão e terra adentro. Vão lá por umas serras tão altas que dificultosamente podem subir nenhuns animais, e os homens sobem com trabalho e às vezes de gatinhas por não se despenharem, por ser o caminho tão mau e ter ruim serventia padecem os moradores e os nossos de grande trabalho.” (Apud Bogaciovas, 2015, 84).
Com a presença de Martim Afonso de Souza e de João Ramalho, entre outros, teve início o processo colonizador. Mais do que isto, originou uma história centrada no movimento, no deslocamento para ao interior do país. Há um grande movimento de expansão que se estenderia até o início do século XVIII, mais precisamente nos anos de 1709, quando aconteceu o recuo paulista na Guerra dos Emboabas, completada em 1711 com a criação da capitania de São Paulo e Minas de Ouro.
Para saber mais:
– TAUNAY, Afonso de Escragnolle. São Paulo nos primeiros anos: ensaio de reconstituição social. São Paulo: Paz e Terra, 2003,
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