#tempodemovimento | Parte VII | Administração colonial e mando local

Brás Leme e seu irmão Mateus Leme, membros dessa importante família de povoadores da região ilustram a forma como as pessoas alcançavam prestígio e poder nas vilas nascentes.

Eles eram primos de Domingos Leme, fundador da vila de Guaratinguetá, e fizeram parte do grupo dos primeiros povoadores da região que se fixaram entre as vilas de Taubaté até o posto avançado de Guaratinguetá.  Além de serem também primos do afamado Fernão Dias Pais Leme que passou pelo Vale do Paraíba em direção das Minas Gerais.

Logo após a fundação da vila se transferiram da vila de São Paulo de Piratininga para essa área com suas respectivas famílias.  Receberam sesmarias próximas a vila nascente no bairro do Itaguaçu, onde ficavam os morros dos Coqueiros e das Pitas.  Além de proprietários de terras e de escravos dedicaram como seus ancestrais paulistas ao sertanismo, inicialmente se dedicando a caça aos indígenas e depois à descoberta do ouro.  Atividades que os levaram a fazer fortuna e foram completadas com prestígio respeito adquiridos ao participarem da administração local e ocuparem cargos políticos e militares.  Ambos foram  Capitão de Ordenanças. Brás Esteves Leme ocupou o cargo de Juiz Ordinário da vila de Guaratinguetá em 1657 e o Capitão Mateus Leme em 1658. A acumulação de cargos públicos e militares era importante por conferir maior poder de mando e melhor controle das atividades na vila e sobre seus habitantes.  Assim, eles compunham o grupo seleto de moradores que tinham acesso ao comando político dos povoados e vilas.

Como os demais colonos integravam o movimento de expansão colonial ligada aos ditames do Estado português e, indissocialmente, a serviço de El Rei de Portugal. Portanto, ao defender os interesses da Coroa portuguesa se integravam em uma empresa comum.  Participavam da empresa colonial e ao  mesmo tempo, lhes era interessante na medida em que compunham um grupo privilegiado que monopolizava as decisões a nível local, além de estender o seu poder e prestígio aos seus herdeiros legítimos. Um dos descendentes, Bras Esteves Leme, denominado de “o moço” tornou-se alcaide mor no ano de 1696. Para chegar ao exercício do mando e conquistar posição elevada o exercício político estava fundamentado na posse da terra, de escravos e riqueza que se reproduzia no interior da sociedade e consolidava o poder do mando político. E dessa forma garantia-se a continuidade do sistema que permanecia limitado a um grupo bem restrito de indivíduos, os denominados homens bons.

No imaginário colonial representava o acesso ao status de nobreza.  Por essa razão os homens bons eram considerados como a “nobreza da terra”.  Porém, estavam longe de se equiparar ao nobre reinol.

A participação na vida política local e regional por este seleto grupo era exercido pela ocupação de cargos públicos na Câmara Municipal e nos postos nas ordenações militares.