Os homens e suas famílias que migraram do planalto paulista e do litoral para a região do Vale do Paraíba, na primeira metade do século XVII, passaram por um processo de adaptação. Motivados pelos representantes da Coroa portuguesa se deslocaram em uma nova travessia provocada pelo movimento iniciado no século anterior. Estava explícito que era preciso avançar no processo de colonização.
O migrante, aquele que realizava com ou sem a família a travessia via serra do Mar ou do planalto para o Vale do Paraíba, era atraído pela ocupação de nova área, pela busca do enriquecimento, pelo espírito de aventura, posse de terras, caça aos indígenas, busca de metais preciosos e participar na ocupação de cargos na administração das vilas e povoados nascentes. Propriedade e escravidão tornaram-se então símbolos maiores de prestígios e acesso a honrarias, os fundamentos básicos da sociedade nascente.
Ao adentrarem na região foram se dispersando principalmente entre as duas vilas pioneiras de Taubaté (1645) e de Guaratinguetá (1651). Nelas construíram suas moradias e se ocuparam do trabalho da terra e da criação de animais. Ao mesmo tempo, estimulado pela Coroa portuguesa em crise, buscam novos afazeres e novos rumos e novas perspectivas. A organização nos primeiros tempos se voltou para dar continuidade a caça aos indígenas e dessa forma sustentar a produção agrícola e dar início a procura por metais preciosos em direção a outro território localizado nos sertões após a travessia da serra da Mantiqueira.
As famílias dispersas pelo território mantinham, como revelam documentos da época, relacionamento entre si nas diversas localidades existente ao longo do Rio Paraíba e com o litoral e com as vilas do planalto de Piratininga. A circulação de pessoas foi acompanhada da circulação de mercadorias estimulando a troca e venda de produtos agrícolas e o comércio incipiente. Além, do comércio proporcionado pelos ranchos e estabelecimentos comerciais que se abriam ao longo dos caminhos. Situação que tendeu a crescer ao longo do século XVII, na medida em que a população e a produção agrícola aumentavam acompanhadas do maior deslocamento de pessoas nas expedições de caça ao índio e na busca do ouro.
Na composição da população prevaleceu a maior quantidade de indígenas. Eram homens e mulheres submetidos ao regime de escravidão em uma sociedade orientada pelo regime senhorial. Ao longo deste período inicial de colonização, até a década de 90 os indígenas capturados e escravizados representavam a riqueza dos colonos.
Entre os anos de 1650 a 1680 na vila de Taubaté onde existe levantamento a respeito o predomínio do indígena variou “entre a máxima parcela de 83% e a mínima de 36,6%”. (Lima, 2011, 80) Em média, conforme tabela abaixo representou 74,1% da população local.
Tabela: População livre e escrava (1650-1680) da Vila de Taubaté:
A presença do negro de origem africana foi diminuta (0,4 %) até o descobrimento do ouro ao final do período. A sua presença foi observada na Vila de Taubaté somente a partir da década de 60.
O contingente populacional de homens livres (25,5%) era composta pela população branca, mestiços e índios forros.
Para saber mais:
– O Bandeirismo Paulista: o avanço na colonização e exploração do interior do Brasil, p. 79 a 86. Leandro Santos Lima.