#tempodemovimento | Parte VI – Vale do Paraíba – a construção da paisagem | Caminhos e capelas coloniais

Os caminhos coloniais permitiram a penetração na região, estimularam o povoamento e a busca das riquezas materiais. Foram instrumentos da conquista portuguesa.  Ao cruzarem o Vale do Paraíba, em direção ao interior e ao litoral, transformaram essa região em “lugar de passagem”.  Com isso aliviaram a possibilidade de isolamento de seus habitantes e permitiram o contato constante com outros lugares. Ao longo dos caminhos foram se estabelecendo roças, pousos, capelas e povoados, marcando os traços característicos do cenário regional.

 

Capela e Residência de Nossa Senhora da Escada: município de Guararema. Construída em 1652, ao longo do Caminho Velho dos Paulistas, dentro da concepção jesuítica.

As capelas surgiram em decorrência do desejo de converter os povos pagãos ao cristianismo e da estreita ligação entre estado metropolitano e Igreja Católica durante o período colonial. Elas se tornaram elemento de conquista para o Estado metropolitano e para a Igreja Católica, pois significavam padrões de posse e de aglutinação dos seus moradores.

Elas eram erguidas nos povoados e nas margens dos caminhos para atender às práticas religiosas, como assistir à missa aos domingos e dias santos, fazer o sepultamento no interior da igreja para o repouso da alma e realizar o culto da imagem de invocação religiosa dos fiéis.  Atendiam ao fervor religioso dos primeiros habitantes e possibilitavam as manifestações de fé e o culto ao padroeiro.  As capelas, além de se constituírem em símbolo do poder espiritual aliado ao poder temporal, passaram também a determinar o traçado urbano dos lugarejos nascentes. Geralmente, a igreja era concluída e, posteriormente, os edifícios públicos e as demais edificações eram construídos, como ocorreu em torno das capelas de S. Francisco das Chagas de Taubaté e Santo Antônio de Guaratinguetá.

O porto da Cachoeira. Gravura de Thomas Ender – 1817 | Ao fundo, o porto da Cachoeira e a capela de São Bom Jesus da Cana Verde, fixados no início do caminho em direção a Serra da Mantiqueira.

A configuração geográfica caracterizada pela presença do rio Paraíba do Sul emoldurada pelas serras do Mar e da Mantiqueira propiciava aos seus habitantes momentos de rara beleza e de encantamento.  Ao cair  das tardes, quando o sol começava a se pôr entre as montanhas, diante da rápida metamorfose de cores e matizes, ocorreriam instantes de rara beleza e magia. Eram momentos propícios para o despertar da religiosidade e do sentimento místico.

As capelas se tornaram ponto de chegada e acolhida.  Os caminhos o percurso.  Assim a paisagem regional, desde o início da colonização, foi marcada  pela presença de capelas que se tornaram centro de peregrinação e devoção de seus santos padroeiros, como Senhor Bom Jesus de Tremembé (1672), N. S. da Piedade de Lorena (1705) e a maior delas, a de N. S. Aparecida (1745).

Capela de Aparecida (Morro dos Coqueiros), inaugurada em 26/07/1745 | Concepção arquitetônica baseada no estilo barroco da época. (Fonte, O Santuário, 2005)

 

Para saber mais:

Francisco Sodero Toledo.  Capela de Nossa Senhora da escada.  Fonte: https://franciscosodero.com/blog-capitulo-texto/verbetes-capelascoloniais-i-no-caminho-velho-dos-paulistas-seculo-xvii-sao-francisco-das-chagas