#tempodemovimento | Parte VI – Vale do Paraíba – a construção da paisagem | Os primeiros construtores: os povos indígenas

  • No período pré-colonial

Pesquisas arqueológicas tem revelado que a ocupação do Vale do Paraíba por povos no período anterior à chegado do homem branco europeu foi realizada em tempos históricos diferentes por povos que apresentaram formas de organização social distintas.

As descobertas revelaram a presença de grupos associados às tradições arqueológicas Umbu, Aratu, Itararé- Taquara e Tupinambás. O termo tradição é empregado pelos arqueólogos como o conjunto de elementos culturais associados e relacionados no tempo e no espaço em um ou mais sítio.  Essa divisão não tem relação direta com os grupos linguísticos, porque não se tem conhecimento sobre as línguas faladas por esses grupos.

Os grupos ligados à tradição Umbu eram caçadores e coletores.  Os vestígios desse grupo, segundo o antropólogo Marcel Lopes, foram encontrados em São José dos Campos junto à antiga chácara Boa Vista e também nos sítios arqueológicos Pica pau Amarelo e Carcará.  Neste último a datação revelou um tempo que situa o sítio entre 7.790 a 8.230 a.C. (Lopes, 2014, p. 60)

A reconstrução da vida dos primitivos povos caçadores e coletores é extremamente problemática. Até o momento as pesquisas arqueológicas realizadas não conseguem recuperar suas formas de vida. Sabe-se que eles viviam em bandos, buscavam a sobrevivência, tendo por isso posses essenciais, viviam do que havia disponível e deixaram pouquíssimos artefatos e realizaram intervenções modestas na natureza que permitissem registrar a presença desses grupos.  Portanto, não deixaram registradas modificações na paisagem regional.

Com base em estudos congêneres é possível imaginar que tenha existido no Vale do Paraíba uma variedade étnica e cultural de povos caçadores e coletores. Formavam em grupos de humanos que viviam em pequenos bandos de indivíduos que se conheciam, eram próximos e partilhavam dos mesmos desafios de garantir a sobrevivência.  Eram nômades.  Viviam se deslocando de um lugar para outro em busca de abrigo, de alimentos em um mesmo território se deslocando por vezes para o litoral ou mais para o interior do país, na direção dos sertões da Mantiqueira.  A mobilidade espacial era determinada pela diminuição de alimentos e da caça, por mudanças climáticas e por pressões demográficas.

Em decorrência do seu modo de vida aprendiam a observar a natureza, a mover-se em diferentes lugares e situações, a movimentar- se de maneira ágil e eficiente por territórios sem fronteiras delimitadas. Com isso adquiriam conhecimentos úteis e abrangentes sobre a natureza, sobre os alimentos, sobre os animais que encontravam e tudo que importava para manter a vida de cada indivíduo e do seu grupo.

Para esses grupos o Vale do Paraíba era um território inteiro, com seu rio e afluentes, a planície, o planalto, as serras, as florestas e o céu aberto.  Esse era seu lar.

Para saber mais:

– O alcance da Arqueologia para revelar a Pré-História do Vale do Paraíba. Solange Bezerra Caldarelli.  Disponível em:

https://scientiaconsultoria.com.br/site2009/pdf/artigos/jornal-lince.pdf