Havia na vila de São Paulo, como em toda colônia, as festas religiosas. Por seu intermédio os habitantes das vilas e povoado representavam o que pensavam sobre seus santos de devoção. Além do que serviam para marcar o calendário e as tradições locais.
Entre elas três festas eram obrigatórias: a de Corpus Christie, a de Nossa Senhora e a do anjo da guarda, todas realizadas no meio do ano, entre os meses de junho e julho. Cabia à Câmara Municipal zelar pelo brilhantismo das festividades e ao povo a obrigação de participar de sua organização e comparecer, além de colaborar com a limpeza das ruas e enfeites dos andores. “Nessas ocasiões, a vila ficava cheia. Os moradores mais ilustres deixavam os sítios e fazendas dos arrabaldes e vinham se reunir aos demais. Muitos mantinham a casa na vila só para esses dias. As mulheres tinham permissão de sair do confinamento a que nos demais dias eram mantidas. Os mamelucos e as indiadas também ganhavam as ruas. Estava armado o cenário para, concomitantemente à celebração do santo, realizar a parte profana. Era ocasião de oração, devoção e divertimento.” (Toledo, 2012,p.160)
As mais variadas práticas religiosas estimularam a formação de um catolicismo marcado por atributos de originalidade, de autenticidade, de resistência ou oposição a um catolicismo do colonizador branco de origem europeia. Um catolicismo como representação. Uma religiosidade crescente manifestada nas concepções e práticas religiosas, simples, singelas, com palavras e gestos próprios que se exteriorizava com a presença do gênero feminino. Uma religião com rosto de mulher.
Para saber mais:
– Religião e religiosidade no Brasil. Fábio Pestana. In: fabiopestanaramos.blogspot.com/2010/08/religiao-e-religiosidade-no-brasil.html