#tempodemovimento | Parte IV – Manifestações artísticas e religiosas | A religiosidade dos paulistas

A religiosidade paulista foi influenciada pelos influxos de heranças culturais indígenas, de brancos europeus cristãos velhos e cristão novos,  exteriorizando crenças e práticas originais, assumindo características próprias no contexto da cultura emergente no planalto de Piratininga.  Resultou no aparecimento de um catolicismo híbrido, familiar, de caráter privado e fortemente influenciado pela presença e atuação das mulheres.

O catolicismo, de início, foi influenciado pela herança cultural indígena.  Povos que entraram na sua composição ética por intermédio da relação de suas mulheres com os homens brancos e de seus descendentes, os mamelucos, que tiveram significativa presença e atuação na formação e desenvolvimento do local.  Coube a elas a importante função de orientar seus filhos nas práticas religiosas herdadas de seus antepassados.

Durante o século XVI em campos abertos do planalto paulista se assentaram brancos europeus, tanto cristãos velhos como novos.  Os católicos portugueses, com seu imaginário e práticas religiosas, trouxeram as influências do catolicismo tradicional, oriundo dos tempos medievais, marcado pela exterioridade, na relação familiar com os santos, na prática de promessas e formas de agradecimento, no recurso às simpatias, benzedeiras e bruxarias. Marcado ainda pelo providencialismo que conferirá uma grande unidade à vida da colônia e de São Paulo.  Como afirma Hoornaert, “tudo recebe a sua suficiente explicação, a história é uma sucessão de promessas e pagamentos de promessa; tudo é milagre (graça, sucesso, vitória) ou castigo de Deus (desgraça)“. (Hoornaert, 1974, p.113)

Os cristãos novos entrando por São Vicente chegaram à Vila de São Paulo e nela encontraram boas condições para viver, prosperar e o isolamento para manter as suas crenças e as suas práticas religiosas. Um refúgio para aqueles que eram ameaçados continuadamente pela Inquisição.  Neste território se miscigenaram com a população nativa, integrando-se plenamente na organização e dinâmica da vida local.  Viram a oportunidade de uma nova vida, com as possibilidades de desenvolverem atividades com altos rendimentos e enriquecimento.