Os caminhos coloniais permitiram a penetração na região, estimularam o povoamento e a busca das riquezas materiais. Foram instrumentos da conquista portuguesa. Ao cruzarem o Vale do Paraíba, em direção ao interior e ao litoral, transformaram essa região em “lugar de passagem”. Com isso aliviaram a possibilidade de isolamento de seus habitantes e permitiram o contato constante com outros lugares. Ao longo dos caminhos foram se estabelecendo roças, pousos, capelas e povoados, marcando os traços característicos do cenário regional.
As capelas surgiram em decorrência do desejo de converter os povos pagãos ao cristianismo e da estreita ligação entre estado metropolitano e Igreja Católica durante o período colonial. Elas se tornaram elemento de conquista para o Estado metropolitano e para a Igreja Católica, pois significavam padrões de posse e de aglutinação dos seus moradores.
Elas eram erguidas nos povoados e nas margens dos caminhos para atender às práticas religiosas, como assistir à missa aos domingos e dias santos, fazer o sepultamento no interior da igreja para o repouso da alma e realizar o culto da imagem de invocação religiosa dos fiéis. Atendiam ao fervor religioso dos primeiros habitantes e possibilitavam as manifestações de fé e o culto ao padroeiro. As capelas, além de se constituírem em símbolo do poder espiritual aliado ao poder temporal, passaram também a determinar o traçado urbano dos lugarejos nascentes. Geralmente, a igreja era concluída e, posteriormente, os edifícios públicos e as demais edificações eram construídos, como ocorreu em torno das capelas de S. Francisco das Chagas de Taubaté e Santo Antônio de Guaratinguetá.
A configuração geográfica caracterizada pela presença do rio Paraíba do Sul emoldurada pelas serras do Mar e da Mantiqueira propiciava aos seus habitantes momentos de rara beleza e de encantamento. Ao cair das tardes, quando o sol começava a se pôr entre as montanhas, diante da rápida metamorfose de cores e matizes, ocorreriam instantes de rara beleza e magia. Eram momentos propícios para o despertar da religiosidade e do sentimento místico.
As capelas se tornaram ponto de chegada e acolhida. Os caminhos o percurso. Assim a paisagem regional, desde o início da colonização, foi marcada pela presença de capelas que se tornaram centro de peregrinação e devoção de seus santos padroeiros, como Senhor Bom Jesus de Tremembé (1672), N. S. da Piedade de Lorena (1705) e a maior delas, a de N. S. Aparecida (1745).
Para saber mais:
Francisco Sodero Toledo. Capela de Nossa Senhora da escada. Fonte: https://franciscosodero.com/blog-capitulo-texto/verbetes-capelascoloniais-i-no-caminho-velho-dos-paulistas-seculo-xvii-sao-francisco-das-chagas