A vila de Santana da Parnaíba foi influenciada pelo pioneirismo, a originalidade da cultura do planalto paulista manifestada desde a sua formação no século XVI. Favorecida pelas condições materiais, pela presença e colaboração de diferentes grupos sociais que para lá deslocaram, aliado à manifestação da fé cristã, pelo levantamento de capelas, instalação do convento beneditino, a vila logo se tornou um importante centro religioso e de atividade artística. Ali se desenvolveu a arte com a formação de “uma autêntica escola de tradições que construíram a identidade brasileira” ( Schunk, 2013, p.36)
Logo de início se destacou o trabalho com a escultura imaginária. Uma atividade decorrente da tradição paulista anterior idealizada por mãos mestiças e na utilitária indígena. Muitos dos indígenas aprisionados no sul pelos bandeirantes haviam sido treinados nas oficinas jesuíticas da região do Paraguai e se transformaram nos primeiros autores das primeiras obras de arte religiosa.
O barro, de superior qualidade, obtido na própria região, passou a ser o material empregado e se tornou símbolo da arte paulista e da integração cultural expressa na imaginária paulista da terra cota. O seu emprego surge decorrente da necessidade de confecção de santos para os cultos, pela facilidade de obtenção da matéria-prima, manuseio de baixo custo na produção em relação alto valor das imagens de madeira importadas da Europa, além dos condicionamentos históricos e geográficos.
O auge do movimento artístico na Vila da Parnaíba aconteceu após a chegada do Frei Agostinho de Jesus, no ano de 1643, no recém fundado mosteiro dos beneditinos Nascido no Rio de Janeiro, por volta de 1600 após sua ordenação ele foi para a Bahia onde se tornou discípulo do ceramista português frei Agostinho da Piedade. Na Bahia realizou as suas primeiras e importantes obras. (1634- 1641)
Durante o período que permaneceu em São Paulo (1643- 1654) realizou intenso trabalho e legou importantes obras com passagem por Mogi das Cruzes, pela fazenda de Parateí, situada entre os atuais municípios de Itaquecetuba, Mogi das Cruzes e Arujá, em 1650 e em Guararema em 1652. Acabou por disseminar sua arte pela região.
Frei Agostinho, considerado como o primeiro grande artista brasileiro, faleceu no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1661.
Além da contribuição de Frei Agostinho de Jesus e seus seguidores a região de São Paulo durante o século XVII produziu exemplares variados de grande valor artístico que se diferenciavam da arte religiosa que se produziu no restante da colônia. Com isto se desenvolveu uma arquitetura e escultura hibridizados, com acréscimos posteriores mantendo suas peculiaridade o que permitiu aos pesquisadores afirmar a existência de um barroco paulista. São muitas as suas características, dentre as quais o uso do barro na escultura imaginária e da taipa de pilão na arquitetura.
Para saber mais:
– Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira. Séculos XVI- XVII. Rafael Shunk.
– O Renascimento do barroco paulista. Fundação Editora UNESP. In
http://editoraunesp.com.br/blog/o-renascimento-do-barroco-paulista-
– Afinal, existe um barroco paulista? Mateus Rosada e Maria Ângela Bortuolucci. In
http://www.academia.edu/9511819/Afinal_existe_um_Barroco_Paulista