#tempodemovimento | Parte IV – Manifestações artísticas e religiosas | Mobilidade, instabilidade e originalidade

Em tempos de movimento o burgo paulista apresentou características comuns a toda sociedade brasileira marcada pela mobilidade de seus membros e pela instabilidade provocada pelo sistema de exploração colonial.  Repetiu as dimensões do processo de colonização: o domínio do território, a exploração da terra, de metais preciosos e a conversão dos povos pagãos ao cristianismo. Daí derivou uma sociedade complexa e híbrida.

No planalto paulista houve o encontro de várias culturas em ambiente que permitiu a sua evolução distante dos modelos importados do reino encontrados com maior facilidade na costa brasileira.  Ali se desenvolveu uma sociedade original interiorana, pioneira, mestiça, híbrida, inventiva, criativa, com expressões próprias.

A vida em São Paulo, durante a primeira metade do século XVII, continuava marcada  pela rusticidade. A maioria de seus habitantes vivendo mais nas chácaras, sítios e fazendas do que na própria vila, enfrentando os perigos nas entradas pelo sertão.  O dia a dia era marcado pela precariedade e pelo desconforto, conforme se verifica pela análise dos inventários da época.

O cotidiano, embora tendo o catolicismo como religião única e oficial, seguia um constante sincretismo. O culto aos santos de devoção levava à construção de altares no interior das capelas e das residências, principalmente nas fazendas localizadas na zona rural.  As festas organizadas em louvor aos santos de devoção  provocavam a integração de seus moradores. Pelos caminhos isolados do interior, em capelas, oratórios e ermidas se reuniam os fiéis em espaços comunitários, marcando o ritmo da vida.

As famílias eram numerosas. O lugar das mulheres era em casa, embora  assumissem, quando da ausência dos maridos, inúmeras funções, além da procriação e criação dos filhos.