No inicio do século XVII, a vila de São Paulo de Piratininga ainda era “um acanhado núcleo demográfico e econômico, fixado como ”boca de sertão”, porta do interior desconhecida e despovoada.” (Andrade,1955, 34)
O século anterior foi caracterizado como o da fixação da vila e de seus arredores, aldeamentos indígenas e fazendas. Ela assumiu em seus primeiros tempos características próprias como a supremacia do meio rural sobre o urbano e consolidação de sua posição como um posto avançado da colonização portuguesa na América. Aos poucos foi se transformando em polo para a continuidade do movimento de expansão europeia nesta parte do território brasileiro.
A partir de então passou a viver uma importante função histórica: a de ser entroncamento de caminhos. Verdadeiras trilhas indígenas que permitiram a penetração e conquista de novos territórios. Havia se firmado como foco organizado de colonização, além da faixa litorânea povoada, graças à sua dupla função religiosa e administrativa. Desde então já se prenunciava a sua expansão para o interior, movimento a vila de São Paulo foi o principal centro irradiador que caracteriza a sua história nos primeiros séculos de existência.
Devido a sua posição geográfica favorável se tornou ponto de convergência, de partida e chegada para o Sul e Centro Oeste do país. Aproveitava-se das facilidades de penetração nesses territórios fazendo uso da rede hidrográfica que tinha a sua disposição, como a dos rios Tietê e Paraíba do Sul.
No seu interior prevalecia a cultura expansionista, voltada para o movimento de gente que ia ou vinha dos sertões para aprisionar os indígenas e na tentativa de encontrar riquezas minerais. O sertanismo e o movimento das bandeiras foram expressões claras desse binômio. Como resultado ocorreu a abertura de novos caminhos e a formação de novas fronteiras, como defendeu o historiador Sérgio Buarque de Holanda.
O movimento de expansão paulista, em regiões mais próximas à vila, durante a primeira metade do século XVII, ocorreu notadamente em duas direções: a leste e ao oeste.
Em direção ao leste foi criada a vila de Mogi das Cruzes em 1611. Na continuidade, em direção ao nordeste, adentraram a região do Vale do Paraíba onde foram fundadas as vilas de São Francisco das Chagas de Taubaté em 1645, de Santo Antônio de Guaratinguetá em 1651 e de Nossa Senhora da Conceição de Jacareí em 1653.
Para o oeste, em direção à fronteira espanhola, foi fundada a vila de Santana de Paranaíba em 1625. Mais tarde foram fundadas as vilas de Jundiaí em 1655, Itu em 1656 e Sorocaba em 1661.
Para saber mais:
ANDRADA, R de. São Paulo nos tempos coloniais. In
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/download/36443/39166. Obtido em 10/05/2018