A capela de Nossa Senhora Aparecida, atual Basílica Velha foi construída pelos devotos com licença obtida pelo Pe. José Alves Vilella no alto do morro dos coqueiros em Aparecida. Ela recebeu a bênção no dia 26 de julho de 1745, 28 anos depois do encontro da imagem no Rio Paraíba, em 1717.
Em 1757, assim foi descrita pelo Pe. João de Morais e Aguiar, vigário de Guaratinguetá:
“Está situada esta capela uma légua, pouco menos da Matriz, em lugar alto, aprazível e naturalmente alegre. É a igreja de taipa de pilão: tem o altar mór com tribuna em que está a imagem da Senhora, com dois altares colaterais, todos pintados e o teto da capela-mor; é forrada a igreja e tem por baixo assoalho de madeira com campas; tem coro, dois púlpitos, sacristias com duas vias sacras, corredores assobradados e ambas as partes com casas por: tem uma torre, a sacristia pintada e ornamentos de todas as cores, os quais e o mais móveis constam do inventário.” ( In Tirapelli, 1983, 149)
A antiga capela de Aparecida, segundo Percival Tirapelli, pode ser considerada o último exemplar com linhas barrocas no Estado de São Paulo. Sua fachada em cantaria é de primorosa execução. Plasticamente é arcaizante, em especial quanto ao frontão retilíneo que lembra as igrejas jesuíticas.
O templo sofreu diversas reformas. Foi aumentada entre os anos de 1760 e 1770, quando recebeu a estrutura de taipa de pilão, parte de alvenaria para ampliação e colocação de novas torres e portanto, nova fachada.
Neste estágio a Capela foi desenhada pelos viajantes europeus Thomas Ender em 1817 e por Pallière em 1821.
Outras reformas aconteceram entre 1824 e 1831, quando foram feitos reparos no telhado, presbitério e paredes, com partes de pedra. Entre os anos de 1845 a 1862 foram construídas as duas torres.
A Basílica Velha, tal como hoje é conhecida foi construída entre 1845 e 1888, levando, portanto, 43 anos para ficar pronta. De estilo barroco, o novo templo conservou a unidade de suas linhas arquitetônicas, apesar da diferença de tempo e de orientação entre a construção da fachada (1845-1864) e das naves e da capela-mor (1878-1888). O altar da basílica velha de é raro exemplar em mármore de Carrara, com as características neoclássicas aplicadas sobre uma estrutura de barroco tardio a julgar pelo entablamento duplo entre os capitéis compósitos e as bases para as alegorias das virtudes.
Recentemente passou por novo processo de restauração. Como explica a restauradora Claudia Rangel:
“A forma dos entalhes do altar, cobertos com folhas de ouro, identificam o estilo barroco do século XVIII. Ao longo dos anos, o altar recebeu indiscriminadas camadas de tinta, que esconderam a beleza e importância da peça. Alguns detalhes são muito ricos, como as rosas e as sementes que traduzem a fertilidade. E ainda, a inscrição das iniciais ‘A’ e ‘M’ que significam ‘Ave Maria’, como se fosse a assinatura de Nossa Senhora. É o nosso patrimônio mais valoroso, que identifica e também traduz a história de devoção do povo brasileiro”
Para saber mais:
– CUSTÓDIO, Andresa. As casas de Nossa Senhora de Aparecida. Aparecida: Ed. Santuário. O Santuário, 24 A 30 de dezembro 2005, p.13.
– SODERO TOLEDO, Francisco. Estrada Real: O Caminho do Ouro. In Estrada Real: Caminho do Ouro. Fábio O. Sanches, F. Sodero Toledo, Henrique Alckimin. Aparecida: Ed. Santuário, 2006, p. 11-86.
– -TIRAPELLI, Percival. A Construção Religiosa no Contexto do Vale do Paraíba – Estado de São Paulo. São Paulo: Dissertação de Mestrado, inédito, 1983.
– SODERO TOLEDO, Francisco. Caminho do Ouro e Capelas Coloniais. In http://www.valedoparaiba.com/nossagente/estudos/caminho%20do%20ouro%20e%20capelas%20coloniais.pdf. Obtido em 15/12/2011.
– SODERO TOLEDO, Francisco. O acontecimento da Coroação de Nossa Senhora Aparecida. In http://www.valedoparaiba.com/nossagente/estudos/O%20acontecimento%20da%20Coroação%20de%20Nossa%20Senhora%20Aparecida.pdf, Obtido em 15/12/2011.
– PERCIVAL TIRAPELLI. A arte sacra paulista – séculos XVI ao XVIII.. In http://www.tirapeli.pro.br/artigos/arte_sacra_paulista.html. Obtido em 15/12/2011.
– Restauradores descobrem altar do século XVIII na Basílica Velha de Aparecida. In http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/09/02/restauradores_descobrem_altar_do_seculo_xviii_na_basilica_velha_de_aparecida-548049426.asp, obtido em 15/12/2011