A capela de Nossa Senhora das Mercês foi edificada em São Luiz do Paraitinga no início do século XIX. Sua existência foi documentada numa história manuscrita, de autor desconhecido, que existe no Museu de São Luís do Paraitinga sob o título: “Relato da História de São Luís do Paraitinga de 1686 a 1913”. No capítulo — Edifícios — se lê:
“Capella das Mercês — Em 1808 chegaram a villa nova de S. Luís a velhinha Maria Antonia dos Prazeres e uma filha por nome Izabel que vinham da villa de Guaratinguetá para rezidirem aqui — Maria Antonia trouxe uma imagem de N.S. das Mercês (…) Em 1809 Nha Antonia ajudada pela família Pereira e devotos, começaram a edificar a Capella (…) e em 1814 foi inaugurada”. Tal relato vem sofrer correções pelos textos de documentos oficiais… a Capela das Mercês seria, na verdade, anterior à data “tradicional”, posto que já em 1801 aparece uma reclamação respeitante ao “esgoto das agoas que empedem a servidão do povo na Rua que vai da ponte para a capella de Nosa Senhora das Merses”. (in Luis Saia)
Após ser restaurada pelo Iphan conserva a as características da época: construção em taipa, detalhes do interior da capela e sinos originais. Altar em madeira, imagem da santa e teto com pintura representativa das Armas Portuguesas. O desenho da planta é semelhante da Igreja do Padre Faria construída em Ouro Preto.
O processo de restauração pelo Iphan
Quando a capela ruiu após uma grande enchente ocorrida na cidade só no final do ano de 2010 sobrou só cerca de 1,10 metro de taipa, além de alguns escombros como portas, batentes, janelas e pedaços do altar. Foi feita uma separação desse material por voluntários e a partir daí foi feito um projeto pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] para a reconstrução. Para proteger a taipa, uma parede que ficou de pé apesar da enchente, foi feita uma fundação e uma proteção de concreto armado e mais de 100 mil tijolos.
Na reconstituição das alvenarias os técnicos utilizaram tijolos de barro cozido, considerados sucessores naturais do antigo sistema de taipa de pilão, desde meados do século XIX. Os trabalhos de reconstrução da capela foram complementados por um inventário das peças principais da fachada do altar: o revestimento de madeira do arco-cruzeiro, telhado, forros, balaustradas, batentes e folhas de portas de janelas, entre outros itens que integravam o madeiramento do conjunto arquitetônico. Ao fim desse processo, cada elemento recuperado foi reposto no seu local de origem e reintegrado ao edifício.
O Iphan empenhou todos os seus esforços para manter vivas na Capela a memória e as referências materiais com a consolidação das paredes de taipa de pilão que não ruíram. Também foram recuperadas todas as peças de madeiramento, estruturas de ferro, elementos decorativos e da cobertura do conjunto. O grande desafio, no entanto, foi recuperar a imagem de Nossa Senhora das Mercês, patrona da casa. A imagem de barro queimado, feita de terracota, é considerada uma obra raríssima. Durante as enchentes foi esfacelada em mais de 90 pedaços. Deteriorada ela passou pelo processo de restauro que durou quatro meses. Ao fim desse processo, cada elemento recuperado foi reposto no seu local de origem e reintegrado ao edifício.
Os demais itens que não puderam ser salvos foram refeitos seguindo as dimensões e formatos encontrados na documentação gráfica e fotográfica.
Em 25 de setembro de 2011, graças ao trabalho do Iphan que durou nove meses e dos esforços conjuntos de autoridades e da comunidade local a Capela de Nossa Senhora das Mercês foi reaberta, mantendo as suas características originais.
Para saber mais:
– IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional : www.iphan.gov.br/
– SAIA, Luis. Evolução Urbana de São Luís de Paraitinga. In
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/risco/n10/13.pdf. Obtido em setembro de 2011.
-TIRAPELI, Percival.– Retábulos Paulistas. In
http://www.tirapeli.pro.br/artigos/retabulos.html. 2006. Obitido em setembro de 2011