#tempodemovimento | Parte VI – Vale do Paraíba – a construção da paisagem | Os Tupinambás

Eles foram constituídos por populações falantes de língua do tronco linguístico Tupi e mais precisamente aquelas associadas ao grupo Tupinambá.

Vestígios dessa população foram encontrados em grande porção da região e mais especificamente no sítio Santa Marina em Jacareí e estudada  pelo antropólogo Marcel Lopes tomando como base o conjunto de artefatos cerâmico e lítico.  Para ele, o sítio de Santa Marina faz parte da composição e funcionamento de um amplo e complexo sistema constituído por unidades menores (aldeias), “unidas entre si por laços de parentesco e pelos interesses comuns que eles pressupunham, na relação com a natureza, na preservação da integração tribal e na comunicação com o sagrado.” (Apud, Lopes, 2014, p. 24)

Os Tupinambás, como se depreende, viviam em assentamentos permanentes reduzindo o espaço ocupado no território. Eles passavam a maior parte de seu tempo em território fixo, denominado de sítio, um pequeno lugar determinado na região.  O seu lar era a tecoaba, “um conjunto de sistema de habitação que englobava diferentes áreas de atividade dentro de um território de domínio. As áreas de atividades compunham as micro unidades, estabelecidas principalmente, na aldeia (área residencial) e nos acampamentos (de roça, de pesca e de caça)” (apud Lopes, 2014, 186)  ou seja: “composto por unidades integrativas vinculadas entre si por relacionamento necessária de  coexistência e independência.” (Lopes, 2014, p. 194).

Assim a aldeia se tornou o palco onde se desenrolou a história deste povo indígena.  Diante de sua organização apresentaram e adquiririam uma variedade de objetos e deixaram inúmeros artefatos como revelaram os resultados das pesquisas arqueológicas revelando aspectos de sua cultura material e as intervenções na natureza que resultaram em uma nova composição na paisagem regional.

A chegada e ambientação dos Tupinambás na região  do Vale do Paraíba ocorreu em tempo de dispersão “provavelmente subindo o Rio Paraíba do Sul, onde se espalham por toda a região, do campo a floresta, do litoral ao sertão.” (Brochado, 1984. Apud Lopes, 2014, p. 166)  Seguiram na direção leste/oeste seguindo pelo rio Paraíba do Sul em suas porções menos elevadas e mais férteis onde foram mais favoráveis a instalação de suas aldeias.

Em sua sedentarização na região “é provável que o crescimento demográfico tenha causado fracionamento das aldeias e, consequentemente, a ocupação de áreas pretendidas” marcado pela mobilidade de sua população. (Lopes, 2014, p. 168) Este processo resultou em complexas relações, contatos amistosos como belicosos e mudanças culturais e linguísticos nos diversos grupos.

Quando da chegada do colonizador branco os Tupinambás eram encontrados no litoral desde o Cabo de São Tomé até Angra dos Reis e predominavam no Vale do Rio Paraíba do Sul, uma das vias de penetração utilizada. Estavam sempre em movimentação por toda esta área geográfica, ocupando locais que melhor podiam garantir a sua sobrevivência e instalar suas aldeias.

O quadro a seguir apresenta um resumo das tradições arqueológicas associadas aos artefatos fortuitos e sítios identificados nos municípios do Vale do Paraíba Paulista, a saber:


Fonte: In LOPES, Marcel. Ocupação Tupinambá no Vale do Paraíba Paulista: vista a partir da análise do sítio arqueológico Santa Marina, p. 64

Para saber mais:

– Por entre os vales: histórico da ocupação indígena no Vale do Paraíba Paulista.  Marcel Lopes.  In LOPES, Marcel. Ocupação Tupinambá no Vale do Paraíba Paulista: vista a partir da análise do sítio arqueológico Santa Marina. P. 46-76.

–  A organização do espaço Tupi no Vale do Paraíba Paulista.  Marcel Lopes