A construção da Capela do Bom Jesus de Tremembé teve início no ano de 1672. Neste ano a Câmara Eclesiástica do Rio de Janeiro concedeu a Manoel da Costa Cabral que tinha uma fazenda na Vila de Taubaté, “em um sítio que chamam de Tremembé,” a licença para levantar uma igreja sob a invocação do Bom Jesus. No ano seguinte ela tinha sido concluída e foram abençoadas a imagem e a Igreja de Tremembé. Após a inauguração da capela ocorreu a fama de milagres e o local passou a ser um centro de peregrinação
Em 1757, o Pe. João de Bessa Passos, vigário da vila de Taubaté, à qual pertencia a Igreja de Tremembé, assim a descreveu:
“A capela do Senhor Bom Jesus desta freguesia de Taubaté dista uma légua pouco mais ou menos é feita a capela de taipa de pilão e da mesma forma a sacristia, tendo no fim do corpo seu côro feito de madeira, e é coberta de telha vã. A capela-mór toda forrada de madeira lisa e pintada de novo com tintas de várias cores; tem o altar-mór seu retábulo de madeira lisa todo pintado e iminente ao dito altar tem uma tribuna onde expõe o Santíssimo Sacramento e na boca do mesmo trono, onde está colocado o Senhor Bom Jesus, há uma peanha grande formada por cima de madeira lisa, também pintada de várias cores. No retábulo do altar-mor está o sacrário pintado por dentro de vermelho, e dourado por fora como todos os frisos do retábulo. No cruzeiro são dois altares, ficando no da parte direita a imagem de Nossa Senhora do Rosário, que está metida em um nicho feito na parede e para a parte esquerda não tem imagem alguma”. Descreveu, ainda, os adereços da imagem: “Tem um resplendor grande, de prata, uma cana de cobre pintada por fora de verde. Tem o Senhor duas capas de nobreza vermelha, três toalhas de cintura e quatro castiçais de bronze no altar”.
Tradições orais e escritas, atestam o primitivo edifício foi uma simples ermida com a frente para o lado do Rio Paraíba. Em 1795, porém, a Irmandade do Senhor Bom Jesus já havia aumentado a capela, que foi novamente benzida, como atesta o Pe. Faustino Xavier de Novaes: “Aos 8 de junho de 1795 por ordem que tive do Ilmo. Sr. D. Arcipreste vigário capitular Paulo de Souza Rocha, benzi o corpo da igreja desta vila de São Francisco das Chagas de Tahybaté, desde o arco da capela-mór que servira a igreja velha por pequena; assim mais o adro desde a porta principal até o cruzeiro no espaço de oito braças a alguns palmos, mandando-o limitar com dois marcos de cepos altos de grama e ao lados serviram de corredores. Tudo fiz pelo ritual de Paulo V” (Vitorino COELHO DE CARVALHO, Tremembé, p. 62).
O mesmo termo faz menção, pela primeira vez, das imagens de Nossa Senhora da Glória e de São Francisco de Paula, bem como do afluxo de fiéis à festa do Bom Jesus: “Tem esta igreja dois altares laterais, um dedicado a Nossa Senhora da Glória, outro a São Francisco de Paula, em que logo depois celebrei em presença de várias pessoas de um e de outro sexo. Os ditos altares tem seus retábulos de talha e frontais de madeira pintada… É tradicional e assas concorrida pelos povos dos municípios vizinhos a festa de Tremembé” (ibid.).
Em 1904 com a chegada dos trapistas a Tremembé possibilitou que, aos 17 de outubro de 1907, Dom Duarte Leopoldo e Silva (na ocasião Arcebispo de São Paulo), criasse a Paróquia do Senhor Bom Jesus de Tremembé, desmembrando-a da Paróquia de São Francisco das Chagas de Taubaté. A igreja do Bom Jesus tornou-se a Matriz Paroquial da nova Paróquia, recebendo, ao mesmo tempo, o título de Santuário Arquiepiscopal (Livro do Tombo n°1 folha 3). Era o reconhecimento oficial da Igreja à devoção ao Bom Jesus, que já existia há dois séculos. A Irmandade do Senhor Bom Jesus do Tremembé, fundada em 1736, que dirigia a igreja e zelava pelos interesses da igreja e da devoção ao padroeiro, organizando inclusive as suas festas, foi então dissolvida.
A imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé continuou a atrair milhares de fiéis e a beleza de seu Santuário a despertar admiração. Aos 23 de novembro de 1974, novo título adornou o Templo: Sua Santidade o Papa Paulo VI concedeu-lhe a dignidade de Basílica Menor. O título expressa uma especial vinculação do Templo com a Igreja de Roma, podendo usar as chaves pontifícias em seus emblemas. As imagens dos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, cujos túmulos são guardados pela Igreja romana, ornam a frente da Basílica de Tremembé.
Para saber mais:
– ANDRADE, Antônio Carlos de Argollo e ABREU, Maria Morgado de. História de Taubaté Através de Textos. Taubaté: Prefeitura Municipal, Taubateana, no.17, 1996.
– ORTIZ, José Bernardo. São Francisco das Chagas de Taubaté. Livro 2o. – Taubaté Colonial. Taubaté: Prefeitura Municipal, Taubateana no.10,1996.
– Santuários Históricos do Bom Jesús. In: http://www.bomjesusdetremembe.org.br/sant.htm
– Bom Jesús de Tremembé. In http://www.bomjesusdetremembe.org.br/