Lugares de memória no roteiro do quadrilátero sagrado em Lorena

  • Ano:

    2015

  • Páginas:

    28

Lugar de Memória pode ser entendido como toda unidade significativa de ordem material do qual o trabalho do homem no tempo transformou em elemento simbólico de uma comunidade. Ele une a ideia de patrimônio, como preservador de uma memória, e do espaço, como veiculador da mesma. Nele se observa o espaço físico (material), revestido de um simbolismo, como suporte para a formação de uma memória coletiva (imaterial) e de sua reutilização pelas comunidades organizadas.

Constata-se, no entanto, que o nosso passado está fadado ao esquecimento resultante da perda do sentido de continuidade. No momento atual, a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento de uma memória esfacelada. Com a influência da mídia foi se substituindo a memória como repertório da herança coletiva pela película efêmera do momento presente. A partir da década de 1970 com a crise da modernidade percebe-se que a dinâmica da sociedade de massas parece estar sempre em ruptura com o passado. No entanto, a necessidade de passado se mostra latente através da busca pela memória que se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem e no objeto.

A preocupação com este fenômeno tornou-se objeto de preocupação entre os historiadores, especialmente os franceses. Colocam como ponto de partida a constatação de que na sociedade contemporânea, pós-industrial, dominadas pelos mass-media, existe uma separação entre memória e História. É uma sociedade marcada por profundas transformações sociais, que valoriza mais o novo, o jovem, o presente em detrimento do antigo, do velho, do passado.

A sociedade como se sabe, precisa da História como instrumento para encontrar um significado que não lhe é mais inteligível. Sendo assim, o historiador Pierre Nora desenvolve a categoria de “Lugares de Memória” como resposta a essa necessidade de identificação do indivíduo contemporâneo. Ele caracteriza os lugares de memória como um misto de história e memória, momentos híbridos, pois não há mais como se ter somente memória, há a necessidade de identificar uma origem, um nascimento, algo que relegue a memória ao passado, fossilizando-a de novo.