#tempodemovimento | Parte IV – Manifestações artísticas e religiosas | O temor a Deus

No planalto paulista se desenvolveu uma civilização voltada para a aventura e devoção. Os habitantes da vila de São Paulo, de acordo com os testamentos da época, eram “um povo temente aos céus, e capaz de manifestações tremendas para conseguir seus favores.” (Toledo, 2012, p.158).  Documentos de época mostram as invocações constantes dos anjos, santos e de Nossa Senhora.  Registra-se também a invocação das 11 mil virgens, do anjo da guarda, do santo do nome do testador e dos arcanjos.  No imaginário de seus habitantes era notório o medo da morte. Por isto seguiam os preceitos católicos na esperança de alcançar o paraíso celeste, fugir dos sofrimentos do purgatório e dos fogos do inferno.  Existia uma grande preocupação com a encomendação do defunto e com a sorte da sua alma, manifestadas pela prática das rezas e a encomendação de missas pelas almas dos fieis. Luzia Leme, viúva do bandeirante Pedro Vaz de Barros, pediu para seu descanso a realização de 600 missas no Brasil e 400 em Lisboa.  Maria Leite da Silva, mãe de Fernão Dias Pais, deixou encomendadas 700 missas.

O catolicismo praticado foi híbrido, original, fruto da miscigenação e das condições enfrentadas pelos primeiros povoadores.

Homens e mulheres do planalto viviam temendo o ataque dos indígenas, a invasão estrangeira no litoral, a perseguição da Inquisição e a hora da morte. Principalmente quando adentravam os sertões desconhecidos.

Assim, desenvolveram práticas e experiências próprias da fé popular, com ênfase nas orações, na devoção aos santos e a gratidão pelas graças recebidas.  Os sábados eram dias reservados tanto para o culto a Maria pelos cristãos velhos e orações por parte dos cristãos novos.