4 de setembro de 2018
No planalto paulista se desenvolveu uma civilização voltada para a aventura e devoção. Os habitantes da vila de São Paulo, de acordo com os testamentos da época, eram “um povo temente aos céus, e capaz de manifestações tremendas para conseguir seus favores.” (Toledo, 2012, p.158). Documentos de época mostram as invocações constantes dos anjos, santos e de Nossa Senhora. Registra-se também a invocação das 11 mil virgens, do anjo da guarda, do santo do nome do testador e dos arcanjos. No imaginário de seus habitantes era notório o medo da morte. Por isto seguiam os preceitos católicos na esperança de alcançar o paraíso celeste, fugir dos sofrimentos do purgatório e dos fogos do inferno. Existia uma grande preocupação com a encomendação do defunto e com a sorte da sua alma, manifestadas pela prática das rezas e a encomendação de missas pelas almas dos fieis. Luzia Leme, viúva do bandeirante Pedro Vaz de Barros, pediu para seu descanso a realização de 600 missas no Brasil e 400 em Lisboa. Maria Leite da Silva, mãe de Fernão Dias Pais, deixou encomendadas 700 missas.
O catolicismo praticado foi híbrido, original, fruto da miscigenação e das condições enfrentadas pelos primeiros povoadores.
Homens e mulheres do planalto viviam temendo o ataque dos indígenas, a invasão estrangeira no litoral, a perseguição da Inquisição e a hora da morte. Principalmente quando adentravam os sertões desconhecidos.
Assim, desenvolveram práticas e experiências próprias da fé popular, com ênfase nas orações, na devoção aos santos e a gratidão pelas graças recebidas. Os sábados eram dias reservados tanto para o culto a Maria pelos cristãos velhos e orações por parte dos cristãos novos.